Você já pensou em escrever um diário? Já imaginou aquela cena de menina adolescente escrevendo em um caderno lindo, fazendo todo tipo de enfeites com canetas coloridas e adesivos? Ou aquela coisa que vira rotina ou obrigação por ser “diário”? Se sim, saiba que não precisa ser dessa forma, a menos que você queira. Vou trazer um pouco da minha experiência escrevendo diário e como ele me ajuda na minha vida como um todo.
O grande diferencial do diário é que podemos escrever o que quisermos, o papel aceita tudo. Assim o diário pode se tornar um lugar seguro onde podemos desenvolver nossas ideias. Ao escrever o que estamos pensando, podemos obter novos insights sobre a situação. Podemos assim descobrir novas formas de fazer algo ou de resolver problemas, porque escrever ajuda a obter clareza, pois envolve uma parte diferente do cérebro do que a fala ou o pensamento, o que pode gerar novas percepções e consequentemente chegamos a pensamentos ou soluções diferentes das que já estamos acostumados.
O ato de escrever algo também nos força a organizar as nossas ideias, tanto na nossa cabeça quanto no papel, o que também é um fator que nos ajuda a obter clareza e produzir um resultado diferente da fala ao escrever. Isso pode ser aplicado ao que quisermos, problemas, situações que estamos passando ou ideias que queremos desenvolver, sendo assim, o diário é o lugar perfeito para deixar que ideias criem asas.
Outra grande utilidade é a chamada diário terapia, basicamente consiste em escrever o que está nos incomodando emocionalmente, coisas que remoemos ou sentimos que ainda pesam de alguma forma. Já escrevi sobre uma situação onde uma pessoa furou a fila na minha frente ou sobre uma vez que uma senhora foi muito grosseira comigo até a perda de uma pessoa. São coisas que às vezes remoemos e sentimos aqueles sentimentos negativos novamente, mas não precisamos passar por isso, ao escrever no diário encontramos uma forma de liberar sentimentos ruins.
Portanto no diário, ao escrever nossas experiências também organizamos nossos sentimentos, obtemos clareza não só sobre o mundo material que nos cerca ou sobre o que precisamos fazer mas também sobre nós mesmos. O que nos incomoda? O que nos irrita? Por que estamos sentindo o que estamos sentindo? O que queremos? Quais os nossos desejos, objetivos e aspirações? O diário também é ferramenta de autoconhecimento.
Ainda o diário serve como registro das nossas experiências, assim podemos guardar momentos em detalhes de forma a voltar a eles no futuro, seja porque precisamos ou simplesmente porque é gostoso relembrar algo. O meu tem uma boa dose de paixões platônicas, dos sentimentos de me apaixonar, de momentos muito intensos, quase sobrenaturais. É ótimo poder voltar a esses sentimentos vez ou outra, e para isso basta reler o que escrevi e lembrar dessas experiências.
Legal, quero começar um, e agora? para escrever basta escrever, não tem mistério. Um diário é algo pessoal e não é feito para outras pessoas lerem, mas sim para nós mesmos. Como é um lugar particular nosso, ninguém vai ver o que fizemos, então não existe por que ter medo de errar, não existe forma errada de fazer, comece e veja onde dá. Se ficar feio ou estranho não tem problema, o meu também tem muitas coisas riscadas ou em uma letra de quem está escrevendo às duas da manhã.
Na escrita terapêutica ainda é recomendado que apenas escreva o que vier na cabeça, sem restrições, apenas deixar os sentimentos fluírem. Não existe motivo porque a escrita inteira do diário não possa ser assim também, espontânea. Eu escrevo apenas quando tenho vontade, quando tenho algo para contar, algo para guardar, alguma emoção para liberar ou algo que me incomoda. Não escrevo todos os dias, às vezes passo mais de uma ou até duas semanas sem escrever, enquanto em outros períodos já escrevi mais de uma vez ao dia. É uma questão do que sentimos que precisamos, sem forçar nada, é pra ser prazeroso.
E ai, você escreve diário também?